Faltando quatro dias para as eleições, dois ministros enviados pela presidente Dilma estiveram, ontem, em Floresta, fazendo proselitismo eleitoral em torno da Transposição. Com a intenção de “vender” a ideia de que a obra é uma realidade, forçaram um teste artificial de bombeamento de um dos canais.
Tudo foi devidamente cronometrado para produzir efeito político e eleitoral. De Brasília, o Ministério da Integração, que não está nem aí para a mídia regional, pautou a Imprensa para acompanhar o “circo” e ainda ligou para diversos blogueiros do Nordeste para checar o recebimento do material (vídeo, imagens e texto).
Dilma, candidata à reeleição, fez de tudo para acompanhar o “falso teste”, mas na semana passada, quando ainda passava pela sua cabeça chegar lá com uma equipe da sua propaganda eleitoral, trabalhadores rurais fizeram um protesto, sob a alegação de que o bombeamento, mesmo para um teste, iria retirar 1% do lago de Itaparica, que está com sua capacidade hídrica comprometida.
As imagens geradas passaram a ser exploradas ontem mesmo na propaganda eleitoral, tudo, repito, para passar a ideia de que a Transposição é uma realidade. Mas não é. Ontem mesmo, trabalhadores contratados pela Mendes Júnior para o trecho entre Cabrobó e Penaforte (CE) paralisaram suas atividades, porque a empreiteira não está pagando as empresas terceirizadas.
Só uma empresa de alimentação está com uma pendência de R$ 2 milhões, que já entrou para o sexto mês. Sem poder oferecer uma refeição de qualidade, como determina a legislação trabalhista, passou a servir cuscuz, macarrão e ovo no almoço e jantar, enquanto para o café da manhã disponibiliza apenas pão com margarina.
A mesma empreiteira, responsável por aquele lote, chegou a promover a demissão de 400 trabalhadores na semana passada, mas teve que suspender depois de pressões do Governo, para não prejudicar a reeleição de Dilma. As cenas que o caro leitor passará a ver a partir de agora, que vão “encantar” pela forma cinematográfica, são apenas produtos de uma exploração em período eleitoral.
Programada para sair do papel em 2010, a Transposição anda capenga, sem previsão de conclusão. O valor da construção saltou de R$ 4,7 bilhões para R$ 8,2 bilhões entre compensações ambientais, desapropriações e despesas com mão de obra.
Apenas em licitações, o TCU identificou sobrepreço de R$ 876 milhões, além de R$ 248 milhões em aditivos acima do limite estipulado por lei. O TCU deu o primeiro alerta ainda em 2005, quando o tribunal fiscalizou os primeiros editais de concorrência para elaboração do projeto, execução e supervisão das obras, que foram “cancelados em decorrência do sobrepreço detectado da ordem de R$ 400 milhões”.
REALIDADE– Enquanto o Governo monta o circo da Transposição, muitos moradores dos municípios do semiárido nordestino nem sequer têm água nas torneiras; usam a água distribuída por caminhões-pipa, de poços particulares ou públicos (a maioria com água salobra) ou da chuva (quando chove). Em Pernambuco, o Exército não consegue atender a demanda por carros pipas com o agravamento da estiagem.
Reação sertaneja– O prefeito de Cabrobó, Auricélio Torres (PSB), disse que ficou indignado com o ato açodado do Governo de “testar” o bombeamento da Transposição. “Nunca vi tamanha cara de pau e um ato tão eleitoreiro. A obra não é uma realidade como Dilma quer mostrar. Falo como convicção, pois Cabrobó é a base de alimentação do sistema”, afirmou.
Prefeito de Cabrobó |
Fonte: http://www.blogdomagno.com.br/index.php
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